Os amigos de Jó
Jó é conhecido mundialmente por ser um homem muito paciente. Na verdade ele é o exemplo bíblico de paciência que demonstra que a confiança e esperança em Deus são fatores essenciais para o sucesso na vida. Além disso, ele era um homem integro e reto e que procurava se desviar de todo mal que viesse lhe perseguir.
Um dia Jó experimentou uma série de grandes desventuras em sua vida, e isto lhe causou um inimaginável e desumano sofrimento.
Mas aquele homem tinha alguns amigos. Pessoas boas e bem intencionadas que o procuraram para dar alguns conselhos no auge da dificuldade que ele estava passando. Sentaram ao lado dele e quietos ficaram por um longo período.
Talvez tivessem olhado para o corpo de Jó e visto as inúmeras chagas que ele trazia e que já estavam apodrecendo e cheirando mal. É provável que tenham olhado nos olhos de Jó e percebido a dor e o sofrimento causado pela perda inesperada dos filhos, dos bens, da saúde e porque não dizer, da paz interior. Também é possível que tenham ouvido Jó perguntar inúmeras vezes o porquê de tamanho sofrimento, visto que ele se considerava uma pessoa em plena comunhão com Deus. Mesmo assim, continuaram ao lado do amigo Jó, dia após dia, calados, tentando entender o que se passava em sua vida e ajudar o amigo estimado.
O companheirismo durou até que eles resolveram abrir suas bocas, afinal precisavam de uma justificativa para aquela cena horripilante. Ao abrir de suas bocas não pensaram que jogariam toda a amizade rio abaixo, quando começaram a acusar o amigo de que tais coisas não podiam vir de outra fonte se não do pecado.
Muitas pessoas pensam assim. Que o sofrimento humano se origina exclusivamente do pecado. “Tá sofrendo, irmão? Será que o irmão não tem nenhum pecadinho escondido ai não?” – dizem.
Não há dúvidas de que o pecado causa sofrimento, mas nem todo sofrimento é oriundo do pecado e nem todo pecado causa sofrimento imediato. Jó sabia disso. Talvez seus amigos precisassem aprender esta lição.
Mas sempre é mais fácil querer ensinar do que aprender. E assim, começou-se uma cadeia de acusações sobre alguém que, naquele momento, só precisava de amigos ao seu lado, e que mesmo sem usar palavras, pudessem dizer: “Pode deixar que estamos aqui com você. A sua dor é a nossa dor. Podemos não entender os porquês, mas conte conosco”.
Todos nós temos amigos como Jó. Gente da mais alta estima, que querem ver o nosso sucesso, que querem nos ajudar mesmo sem saber como, gente que se preocupa conosco e que conseguem ver a dimensão da dor que sentimos. Mas alguns deles, como os amigos de Jó, estão à procura de justificativas para o momento que sofremos, sofrimento este que nem sempre é humanamente justificável.
Sei, no entanto que posso encontrar as melhores características de um verdadeiro amigo em Jesus e naqueles pelos quais ele escolhe se manifestar. Ai sim, sentados na sarjeta, contemplamos juntos a divina experiência de ter “amigos mais chegados do que irmãos”.
"HAVIA um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal." - Jó 1.1
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