Que os cegos vejam!
Ao abrir a Bíblia encontramos vários momentos que se mostravam desfavoráveis às pessoas desprezadas pela sociedade da época. Eram doentes, perturbados mentais, fanáticos religiosos, funcionários do governo, e tantos outros.
As situações em que eles viviam os excluíam do meio em que estavam, separando-os daqueles que eram considerados “normais”. Em outras palavras, estava estabelecida uma grande exclusão social.
Se fosse nos dias atuais em nossa sociedade, aqueles considerados excluídos seriam os mendigos, as prostitutas, os pobres, os deficientes, os idosos, e assim por diante. A verdade é que, costumeiramente, tendemos a excluir do nosso rol de relacionamentos todos aqueles que possam atrapalhar os nossos planos, ou que venha a nos dar um mínimo de trabalho.
Mas não se pode fazer vista grossa para a nossa listagem atualizada de excluídos, que vai muito além do que esta citada acima. Basta que um deles se coloque em nosso caminho para que reajamos de forma contrária a eles, com a desculpa de autodefesa.
Em Lucas 18 encontramos a história de um mendigo cego que recupera a visão. Foi uma cena muito interessante ver que ele se encontrava no meio do caminho pedindo esmola exatamente no momento em que uma procissão seguia Jesus pelas ruas de Jericó.
Ao saber disso, ele começa a gritar por ajuda, para logo em seguida ser interrompido pelos “seguidores” de Jesus, que não o queriam incomodando o mestre.
Jesus não pensava como eles, e imediatamente parou e incluiu aquele cego em sua lista de relacionamentos.
Ao analisar este texto pela perspectiva de quem sofre, podemos aprender que aquele cego lutou para ocupar o seu lugar na sociedade.
Primeiro, ele teve esperança de que alguém o auxiliasse com a sua situação, diante de muitos que, por uma razão ou outra, tem perdido a fé;
Segundo, ele confiou naquele que se candidatou a lhe ajudar, enquanto ares de desconfiança pairam sobre a humanidade atual;
Por fim, ele teve uma atitude, dando um passo adiante, quando em situação semelhante muitos fincam os pés no lamaçal do desespero, numa inércia maldita.
“O que você quer que eu te faça?”, foi a pergunta de Jesus para ele. Mas ele descobriu que quem precisava fazer alguma coisa era ele mesmo.
Quanto a Jesus, ele estava ali, na hora certa e no lugar certo, como sempre ele faz, esperando que os cegos tornem a ver.
“Então Jesus, parando, mandou que lho trouxessem; e, chegando ele, perguntou-lhe, dizendo: Que queres que te faça? E ele disse: Senhor, que eu veja.” – Lucas 18.40-41
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